domingo, 22 de maio de 2011

CCN-SR: Confusões de uma Colegial e seu Namorado-Servo Robô #4

Educação física. As meninas jogavam vôlei, enquanto os garotos observavam. Kamila, sem participar da aula, sentava no canto da quadra, pensativa. Thiago faltou.

– Algo errado? - falou uma de suas amigas.

– Sinto falta dele. - disse a garota.

– Óbvio. Quem não sentiria falta de um gato daqueles?

– Não é isso. Parece chato sem ele por perto.

– Ué...Se importando agora? Pensei que servisse apenas para seus planos.

– Não diga besteiras.

– Você é quem sabe.

Kamila negava ter algum sentimento pelo menino. Porém, ela mesma percebia que gostava dele. Realmente queria vê-lo. Conversou com os professores e conseguiu o endereço do garoto. Após a escola, foi visitá-lo. Chegou em um prédio e subiu até a cobertura. Bateu na porta. Thiago a abriu. A moça entrou indiferente e sentou no sofá da enorme sala.

– Por que não apareceu hoje?

– Ocupado.

– Com o que?

– Estudando os defeitos.

– Fala sério. Para de dizer essas coisas estranhas. Idiota...Pelo menos com a CDF sei que não estava. Que apartamento grande. Você mora sozinho neste lugar?

– Sim.

– Onde estão seus pais?

– “Pais” não consta nos registros.

– Sem pais? Deve ser rico então.

– “Rico” não consta nos registros.

– Aaah! Que saco você hein! - Levantou e tentou abriar a porta próxima ao móvel. Trancada - O que tem aqui dentro?

– É onde eu recarrego.

– Seu quarto, quer dizer. Quero entrar.

– Entrada proibida.

– Por quê? Algo que não pode me mostrar? Já sei, tem um montão de revistas pornôs aí, né? Seu tarado...

– Vou no mercado comprar alimentos para nós. Aguarde.

– Tá...

Thiago não esperava a visita dela naquele momento. Ao retornar das compras, Encontrou o apartamento vazio. Apenas a bolsa que Kamila carregava se encontrava. O robô segurou-a por alguns segundos e a soltou. Encostou sua mão na parede. Um buraco luminoso surgiu. Entrou na passagem, indo parar em um cômodo empoeirado. Um homem despia a garota, desacordada sobre uma cama. O sujeito notou a presença do menino.

– Interessante. - dizia ele -Eu topei com muitas máquinas do DPI, mas nenhuma delas tinha a capacidade de atravessar as dimensões. Pena ter que te destruir. Você seria um grande objeto de estudo para nós.

– Qual o seu interesse nela?

– Nada de mais. Raptei quem eu precisava. Ela é só uma gostosinha que eu peguei para me divertir. É claro que uma lata velha não entenderia isso.

Thiago rapidamente se aproximou e tentou pegar Kamila.

– Nem pensar! - o criminoso sacou uma adaga de energia e cortou um dos braços do garoto fora. - Eu derrotei muitos da sua agência. Não pense que...

Antes que ele pudesse terminar, Thiago o desarmou com um chute e o lançou contra o chão.

– Como?! - o indivíduo não conseguiu se levantar com o choque - Como uma sucata pode se mover nessa velocidade?

– Essa informação lhe é irrelevante. - o robô tirou um pequeno cubo do bolso e o segurou na direção do homem - Em nome do Departamento de Polícia Interdimensional, você está preso.

O objeto brilhou intensamente, sugando as partículas do bandido para seu interior.

– Processo de confinamento concluído. - guardou-o e carregou a moça. Abrindo um novo portal, voltou para o apartamento.

Deitou Kamila no sofá. Uma garota encapuzada apareceu.

– Há quanto tempo. - ela tirou o capuz, mostrando suas mechas azuladas.

– Sim, Bruxa. - disse ele, erguendo o cubo - Capturei um criminoso. Pelo uniforme, provavelmente trabalha para o fugitivo.

– Entendo. - encostou o dedo indicador no objeto - O infrator foi transferido para nosso mundo com sucesso. Em breve o interrogaremos. Algo mais, RP-6?

– Meu braço esquerdo.

– Certamente. - a maga fechou os olhos e os tornou a abrir. - As peças foram enviadas ao seu quarto. Poderá usa-las na reconstrução do membro.

– Obrigado, Bruxa.

– Qual é. Nós passamos dessa fase parceiro. Você deve me chamar de Diana, lembre-se disso.

– Afirmativo.

A feiticeira ajeitou sua capa negra e desapareceu. Thiago sentou-se ao lado de Kamila, acariciando sua cabeça.

– Os defeitos...Sempre que estou perto de você...Preciso comprovar a origem deles.

sábado, 7 de maio de 2011

CCN-SR: Confusões de uma Colegial e seu Namorado-Servo Robô #3

Era uma manhã fria. Os estudantes , agasalhados, se protegiam do frio e resistiam ao sono. Thiago, o único desagasalhado, chegava na escola. Notou um pequeno tumulto no pátio. Um grupo de alunas chingavam Bruna, caída no chão, e chutavam suas coisas.

– Você não é nada sua trouxa! - falou uma delas.

– O que acontece aqui? - Thiago interrompeu o abuso.

– Estamos mostrando o lugar dela.

– Lugar? Não compreendo.

– Ela deve aprender a não ficar no nosso caminho.

– E por que ela deveria?

– Ora seu... Se você não fosse tão gato...Vamos meninas.

Bruna pegou os óculos e colocou-os.

– Você está bem? - perguntou o garoto.

– Ah...sim. - respondeu ela.

– Não se machucou? - recolhia os livros espalhados.

– Não...Obrigada por me ajudar.

– De nada. - ofereceu a mão para levantá-la. Timidamente, aceitou a ajuda e ficou em pé.

– Sua mão é macia...quer dizer...obrigada, de novo. - envergonhada, abaixou a cabeça levemente. O menino passou a mão na sua face.

– Seu rosto ficou vermelho de repente. Tem certeza de que está bem?

– Si..Sim! - a menina, mais encabulada ainda, abraçou forte os objetos. O sinal tocou. - Ah...Melhor irmos para a sala.

– Afirmativo.

Entraram na classe. Kamila, sentada em sua carteira, fitava Bruna com raiva ao vê-la acompanhada do servo. Thiago se sentou.

– O que você fazia junto daquela CDF? - interrogou Kamila.

– Nenhuma atividade suspeita foi executada. Apenas a ajudei. - respondeu o robô.

– Sei... É só eu dar as costas que você vai atrás dela né? Seu tarado imprestável.

– Isso é irrelevante levando em conta que, de acordo com você, não tenho significado.

– Bem...Eu... - a menina calou-se.

– Eu encontrei suas amigas importunando a Bruna. Gostaria de entender porque.

– Aquela nerd...

– Ela fez algo ruim para você?

– Não.

– Então por que fazer aquilo?

Kamila refletiu sobre seus atos. Quase não prestou atenção nas aulas. No intervalo, conversou com suas amigas e foi ver Bruna. Essa sentava num banco, lendo um livro de Química.

– Posso falar com você?

– Tudo bem. - respondeu, fechando o livro.

– Eu...Me desculpe por como eu tenho te tratado. Nós não iremos te incomodar mais.

– Certo. Obrigada. - a jovem sentiu-se aliviada.

– E mais uma coisa...- Kamila apontou determinada para Bruna - Eu não vou perder para você!

Na saída, viu que Thiago a aguardava. Estranhava ele estar sem blusa desde cedo naquele frio.

– Seu doido. Vai pegar um resfriado desse jeito. - disse ela.

– Creio que não. - afirmou o menino.

– Falei com a Bruna. Pensei muito naquela conversa que tivemos e acabei pedindo desculpas. Nunca me imaginei fazendo algo assim. - tirou seu cachecol e o ajeitou no pescoço de Thiago - Pronto, assim você não fica doente.

– Meu sistema não possui tal função. Na verdade, ele tem apresentado defeitos ultimamente.

– Defeitos? Sistema? Queria entender o que você quer dizer com isso. Ai, deu frio agora.

– Eu irei aquecê-la. - Thiago segurou Kamila contra seu corpo.

– Você é...bem quente. - encostou a cabeça no peito dele.

– Interessante.

– O quê?

– É a segunda pessoa que eu vejo ficar vermelha hoje.

– Ah...É impressão sua! Bom, eu vou para casa.

– Não quer que eu te carregue?

– Não precisa. Tchau!

Thiago observou Kamila saindo do local, enquanto passava os dedos no cachecol. “Talvez seja essa a origem dos defeitos” - pensava ele. Pegou sua mochila e também saiu.