Educação física. As meninas jogavam vôlei, enquanto os garotos observavam. Kamila, sem participar da aula, sentava no canto da quadra, pensativa. Thiago faltou.
– Algo errado? - falou uma de suas amigas.
– Sinto falta dele. - disse a garota.
– Óbvio. Quem não sentiria falta de um gato daqueles?
– Não é isso. Parece chato sem ele por perto.
– Ué...Se importando agora? Pensei que servisse apenas para seus planos.
– Não diga besteiras.
– Você é quem sabe.
Kamila negava ter algum sentimento pelo menino. Porém, ela mesma percebia que gostava dele. Realmente queria vê-lo. Conversou com os professores e conseguiu o endereço do garoto. Após a escola, foi visitá-lo. Chegou em um prédio e subiu até a cobertura. Bateu na porta. Thiago a abriu. A moça entrou indiferente e sentou no sofá da enorme sala.
– Por que não apareceu hoje?
– Ocupado.
– Com o que?
– Estudando os defeitos.
– Fala sério. Para de dizer essas coisas estranhas. Idiota...Pelo menos com a CDF sei que não estava. Que apartamento grande. Você mora sozinho neste lugar?
– Sim.
– Onde estão seus pais?
– “Pais” não consta nos registros.
– Sem pais? Deve ser rico então.
– “Rico” não consta nos registros.
– Aaah! Que saco você hein! - Levantou e tentou abriar a porta próxima ao móvel. Trancada - O que tem aqui dentro?
– É onde eu recarrego.
– Seu quarto, quer dizer. Quero entrar.
– Entrada proibida.
– Por quê? Algo que não pode me mostrar? Já sei, tem um montão de revistas pornôs aí, né? Seu tarado...
– Vou no mercado comprar alimentos para nós. Aguarde.
– Tá...
Thiago não esperava a visita dela naquele momento. Ao retornar das compras, Encontrou o apartamento vazio. Apenas a bolsa que Kamila carregava se encontrava. O robô segurou-a por alguns segundos e a soltou. Encostou sua mão na parede. Um buraco luminoso surgiu. Entrou na passagem, indo parar em um cômodo empoeirado. Um homem despia a garota, desacordada sobre uma cama. O sujeito notou a presença do menino.
– Interessante. - dizia ele -Eu topei com muitas máquinas do DPI, mas nenhuma delas tinha a capacidade de atravessar as dimensões. Pena ter que te destruir. Você seria um grande objeto de estudo para nós.
– Qual o seu interesse nela?
– Nada de mais. Raptei quem eu precisava. Ela é só uma gostosinha que eu peguei para me divertir. É claro que uma lata velha não entenderia isso.
Thiago rapidamente se aproximou e tentou pegar Kamila.
– Nem pensar! - o criminoso sacou uma adaga de energia e cortou um dos braços do garoto fora. - Eu derrotei muitos da sua agência. Não pense que...
Antes que ele pudesse terminar, Thiago o desarmou com um chute e o lançou contra o chão.
– Como?! - o indivíduo não conseguiu se levantar com o choque - Como uma sucata pode se mover nessa velocidade?
– Essa informação lhe é irrelevante. - o robô tirou um pequeno cubo do bolso e o segurou na direção do homem - Em nome do Departamento de Polícia Interdimensional, você está preso.
O objeto brilhou intensamente, sugando as partículas do bandido para seu interior.
– Processo de confinamento concluído. - guardou-o e carregou a moça. Abrindo um novo portal, voltou para o apartamento.
Deitou Kamila no sofá. Uma garota encapuzada apareceu.
– Há quanto tempo. - ela tirou o capuz, mostrando suas mechas azuladas.
– Sim, Bruxa. - disse ele, erguendo o cubo - Capturei um criminoso. Pelo uniforme, provavelmente trabalha para o fugitivo.
– Entendo. - encostou o dedo indicador no objeto - O infrator foi transferido para nosso mundo com sucesso. Em breve o interrogaremos. Algo mais, RP-6?
– Meu braço esquerdo.
– Certamente. - a maga fechou os olhos e os tornou a abrir. - As peças foram enviadas ao seu quarto. Poderá usa-las na reconstrução do membro.
– Obrigado, Bruxa.
– Qual é. Nós passamos dessa fase parceiro. Você deve me chamar de Diana, lembre-se disso.
– Afirmativo.
A feiticeira ajeitou sua capa negra e desapareceu. Thiago sentou-se ao lado de Kamila, acariciando sua cabeça.
– Os defeitos...Sempre que estou perto de você...Preciso comprovar a origem deles.
domingo, 22 de maio de 2011
sábado, 7 de maio de 2011
CCN-SR: Confusões de uma Colegial e seu Namorado-Servo Robô #3
Era uma manhã fria. Os estudantes , agasalhados, se protegiam do frio e resistiam ao sono. Thiago, o único desagasalhado, chegava na escola. Notou um pequeno tumulto no pátio. Um grupo de alunas chingavam Bruna, caída no chão, e chutavam suas coisas.
– Você não é nada sua trouxa! - falou uma delas.
– O que acontece aqui? - Thiago interrompeu o abuso.
– Estamos mostrando o lugar dela.
– Lugar? Não compreendo.
– Ela deve aprender a não ficar no nosso caminho.
– E por que ela deveria?
– Ora seu... Se você não fosse tão gato...Vamos meninas.
Bruna pegou os óculos e colocou-os.
– Você está bem? - perguntou o garoto.
– Ah...sim. - respondeu ela.
– Não se machucou? - recolhia os livros espalhados.
– Não...Obrigada por me ajudar.
– De nada. - ofereceu a mão para levantá-la. Timidamente, aceitou a ajuda e ficou em pé.
– Sua mão é macia...quer dizer...obrigada, de novo. - envergonhada, abaixou a cabeça levemente. O menino passou a mão na sua face.
– Seu rosto ficou vermelho de repente. Tem certeza de que está bem?
– Si..Sim! - a menina, mais encabulada ainda, abraçou forte os objetos. O sinal tocou. - Ah...Melhor irmos para a sala.
– Afirmativo.
Entraram na classe. Kamila, sentada em sua carteira, fitava Bruna com raiva ao vê-la acompanhada do servo. Thiago se sentou.
– O que você fazia junto daquela CDF? - interrogou Kamila.
– Nenhuma atividade suspeita foi executada. Apenas a ajudei. - respondeu o robô.
– Sei... É só eu dar as costas que você vai atrás dela né? Seu tarado imprestável.
– Isso é irrelevante levando em conta que, de acordo com você, não tenho significado.
– Bem...Eu... - a menina calou-se.
– Eu encontrei suas amigas importunando a Bruna. Gostaria de entender porque.
– Aquela nerd...
– Ela fez algo ruim para você?
– Não.
– Então por que fazer aquilo?
Kamila refletiu sobre seus atos. Quase não prestou atenção nas aulas. No intervalo, conversou com suas amigas e foi ver Bruna. Essa sentava num banco, lendo um livro de Química.
– Posso falar com você?
– Tudo bem. - respondeu, fechando o livro.
– Eu...Me desculpe por como eu tenho te tratado. Nós não iremos te incomodar mais.
– Certo. Obrigada. - a jovem sentiu-se aliviada.
– E mais uma coisa...- Kamila apontou determinada para Bruna - Eu não vou perder para você!
Na saída, viu que Thiago a aguardava. Estranhava ele estar sem blusa desde cedo naquele frio.
– Seu doido. Vai pegar um resfriado desse jeito. - disse ela.
– Creio que não. - afirmou o menino.
– Falei com a Bruna. Pensei muito naquela conversa que tivemos e acabei pedindo desculpas. Nunca me imaginei fazendo algo assim. - tirou seu cachecol e o ajeitou no pescoço de Thiago - Pronto, assim você não fica doente.
– Meu sistema não possui tal função. Na verdade, ele tem apresentado defeitos ultimamente.
– Defeitos? Sistema? Queria entender o que você quer dizer com isso. Ai, deu frio agora.
– Eu irei aquecê-la. - Thiago segurou Kamila contra seu corpo.
– Você é...bem quente. - encostou a cabeça no peito dele.
– Interessante.
– O quê?
– É a segunda pessoa que eu vejo ficar vermelha hoje.
– Ah...É impressão sua! Bom, eu vou para casa.
– Não quer que eu te carregue?
– Não precisa. Tchau!
Thiago observou Kamila saindo do local, enquanto passava os dedos no cachecol. “Talvez seja essa a origem dos defeitos” - pensava ele. Pegou sua mochila e também saiu.
– Você não é nada sua trouxa! - falou uma delas.
– O que acontece aqui? - Thiago interrompeu o abuso.
– Estamos mostrando o lugar dela.
– Lugar? Não compreendo.
– Ela deve aprender a não ficar no nosso caminho.
– E por que ela deveria?
– Ora seu... Se você não fosse tão gato...Vamos meninas.
Bruna pegou os óculos e colocou-os.
– Você está bem? - perguntou o garoto.
– Ah...sim. - respondeu ela.
– Não se machucou? - recolhia os livros espalhados.
– Não...Obrigada por me ajudar.
– De nada. - ofereceu a mão para levantá-la. Timidamente, aceitou a ajuda e ficou em pé.
– Sua mão é macia...quer dizer...obrigada, de novo. - envergonhada, abaixou a cabeça levemente. O menino passou a mão na sua face.
– Seu rosto ficou vermelho de repente. Tem certeza de que está bem?
– Si..Sim! - a menina, mais encabulada ainda, abraçou forte os objetos. O sinal tocou. - Ah...Melhor irmos para a sala.
– Afirmativo.
Entraram na classe. Kamila, sentada em sua carteira, fitava Bruna com raiva ao vê-la acompanhada do servo. Thiago se sentou.
– O que você fazia junto daquela CDF? - interrogou Kamila.
– Nenhuma atividade suspeita foi executada. Apenas a ajudei. - respondeu o robô.
– Sei... É só eu dar as costas que você vai atrás dela né? Seu tarado imprestável.
– Isso é irrelevante levando em conta que, de acordo com você, não tenho significado.
– Bem...Eu... - a menina calou-se.
– Eu encontrei suas amigas importunando a Bruna. Gostaria de entender porque.
– Aquela nerd...
– Ela fez algo ruim para você?
– Não.
– Então por que fazer aquilo?
Kamila refletiu sobre seus atos. Quase não prestou atenção nas aulas. No intervalo, conversou com suas amigas e foi ver Bruna. Essa sentava num banco, lendo um livro de Química.
– Posso falar com você?
– Tudo bem. - respondeu, fechando o livro.
– Eu...Me desculpe por como eu tenho te tratado. Nós não iremos te incomodar mais.
– Certo. Obrigada. - a jovem sentiu-se aliviada.
– E mais uma coisa...- Kamila apontou determinada para Bruna - Eu não vou perder para você!
Na saída, viu que Thiago a aguardava. Estranhava ele estar sem blusa desde cedo naquele frio.
– Seu doido. Vai pegar um resfriado desse jeito. - disse ela.
– Creio que não. - afirmou o menino.
– Falei com a Bruna. Pensei muito naquela conversa que tivemos e acabei pedindo desculpas. Nunca me imaginei fazendo algo assim. - tirou seu cachecol e o ajeitou no pescoço de Thiago - Pronto, assim você não fica doente.
– Meu sistema não possui tal função. Na verdade, ele tem apresentado defeitos ultimamente.
– Defeitos? Sistema? Queria entender o que você quer dizer com isso. Ai, deu frio agora.
– Eu irei aquecê-la. - Thiago segurou Kamila contra seu corpo.
– Você é...bem quente. - encostou a cabeça no peito dele.
– Interessante.
– O quê?
– É a segunda pessoa que eu vejo ficar vermelha hoje.
– Ah...É impressão sua! Bom, eu vou para casa.
– Não quer que eu te carregue?
– Não precisa. Tchau!
Thiago observou Kamila saindo do local, enquanto passava os dedos no cachecol. “Talvez seja essa a origem dos defeitos” - pensava ele. Pegou sua mochila e também saiu.
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