domingo, 17 de outubro de 2010

Início

Havia duas irmãs: Morte e Vida. Realmente se amavam. Adoravam conversar. Era a única coisa que faziam.

– Estou farta de papear! - reclamou Vida por um momento.

– E ... o que sugere? - perguntou Morte, assustada com a reação dela.

– Eu vou lá saber!

Morte agachou-se no vazio pensativa. Vida andava em ziguezague impacientemente. Quando resolveu irritar a irmã, notou que ela segurava algo. Uma esfera.

– O que é essa coisa? Como fez isso? Serve para que? - Vida não parava de indagar com curiosidade.

– Eu não sei! - respondeu Morte, irritada - Eu só imaginei e apareceu.

– Parece tão sem graça.

– Deixe suas críticas para depois. Verei o que posso fazer com isso.

– Desculpe. Vou ficar assistindo quietinha. - Vida ria inocentemente.

– Assim espero.

Morte pensou mais e logo o globo se cobriu de um líquido azul.

– Terminou agora? - dizia Vida, ansiosa.

– Quando estiver pronto, avisarei. Você não ia ficar em silêncio?

Opa! É verdade...

Morte continuou. Criou extensões de terras em vária partes do objeto. Encheu-o de inúmeras formas de vida. Estava terminado. Vida tomou-o das mãos da irmã.

– Cuidado! - advertiu Morte.

– Fique calma. Só quero brincar um pouco com ele.

Deixou-a se divertir e foi descansar. Passado algum tempo, ela foi checar como os dois estavam. A criação estava diferente. Agora era repleta de construções de concreto. Uma única espécie dominou quase que o objeto inteiro. Notou que faltava uma boa parte dos demais seres que criou. Também percebeu que todos amavam profundamente sua irmã, enquanto ela era detestada. Ninguém a desejava por perto.

– Quer brincar agora? - oferecia Vida.

– Não ... pode ficar com ele.
Morte virou-se e caminhou de cabeça baixa para o outro lado do universo. Vida continuou observando o brinquedo.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

"Meu herói..."

Já fazia um tempo. No começo achou que fosse apenas impressão. Mas depois estava evidente que aquele homem realmente a estava seguindo. Parecia familiar. Lembrava de tê-lo visto no trabalho. Foi lá que tudo começou. No começo, o estranho apenas a observava. Então passou a segui-la também. Nas ruas, a mulher não tinha um momento de paz. Não importa o que fizesse, o infeliz se impregnou na cabeça dela. O que ele queria afinal? Estaria tão apaixonado a ponto de persegui-la? Não. Devia ser algum psicopata. Vigiando e analisando sua vítima até encontrar uma oportunidade e dar o bote. Certa noite, ela foi atravessar para a outra calçada. Distraída, tropeçou enquanto um carro se aproximava em alta velocidade. O veículo brecava inutilmente. E no que parecia o último momento de todos, ela sentiu alguém a puxando. Era o perseguidor. Salva por aquele homem, ela sentiu-se realmente atraída por ele. Talvez ele até sentisse o mesmo com aquela ação. Perguntou-o:

– Por que me salvou?

– Ora, muito simples - disse ele - Porque EU que vou matá-la.

Com a mão enluvada, sacou uma arma e atirou na moça. Largou a arma. Pegou um pirulito. Desembrulhou-o. Colocou na boca e saiu calmamente da rua.