segunda-feira, 27 de junho de 2011

CCN-SR: Confusões de uma Colegial e seu Namorado-Servo Robô #7

Thiago acordou em seu apartamento. Deitava-se ao colo de Diana. Essa explicou o que sucedeu. Anônimo os mandou de volta. Retornar ao local era inconcebível. Ele os expulsaria facilmente. A dimensão toda estava sobre o controle dele, como um deus em sintonia com sua criação. A Câmara de Iluminação. Ela fixou-se na mente do robô. Aquele conjunto de blocos e luzes lhe trazia paz. Renata até parecia estar viva. Diana sugeriu que ele se arrumasse, ou se atrasariam para a festa de Paulo. Decidiram ir com seus uniformes: Thiago como oficial, de branco; Diana em sua capa escura de bruxa, encapuzada.

– Você demorou. - disse Kamila, trajada de princesa, afastando o robô da maga.

– Oi para você também. - falou a feiticeira, passando os dedos em sua franja azulada.

– Vamos Thiago.

– Mas... - o garoto olhou para Diana.

– Tudo bem. Vou comer alguma coisa. - a moça saiu em direção aos salgadinhos sobre uma mesa.

Paulo, de cavaleiro, conversava com seus colegas na cozinha.

– Que festa mais sem graça, não? - dizia Kamila ao ouvido do anfitrião.

– Vocês não foram convidados. - respondeu o menino.

– Quem disse que eu queria?

– Se não queria, por que está aqui?

– Para ver os horrores de perto. E a sua acompanhante CDF, não veio?

– Não. Mas logo ela... - Paulo calou-se ao ver a belíssima garota de cabelos castanhos e óculos que entrava na residência, numa fantasia de mulher-gato justíssima.

– Bru...Bruna?! - balbuciou Kamila.

– Eu...era a única que eu tinha. - a menina se contorcia de vergonha, tentando cobrir as partes íntimas.

– O que dizia Kamila? Veja a gloriosa beldade que me acompanha. - gabava-se Paulo, apontando as curvas da suposta namorada.

– Grande coisa! Eu sou muito melhor. - retrucava a penetra.

– O escambau! - começaram a discutir.

– Aah...de novo não. - murmurou Bruna. Notou que Thiago a olhava com atenção. - Não olhe para mim desse jeito.

– Desculpe...são os def...sentimentos. - explicou ele.

– Sentimentos?! - a garota entendeu aquilo como uma declaração.

Thiago sentiu seu corpo estranhamente mover-se sozinho. Segurou na cintura da garota.

– O que está fazendo? - o rosto dela avermelhou-se no mesmo instante.

O robô fechou os olhos e lhe deu um longo e profundo beijo. A nerd, confusa, involuntariamente segurou a cabeça do garoto contra a dela. Os outros dois pararam de brigar, observando boquiabertos a cena. Beijada, a moça despediu-se num breve “tchau” e correu. Emocionada, o coração batia acelerado. Diana aparece carregando uma cesta cheia de coxinhas e estranha as expressões pasmadas de Paulo e Kamila. Vira-se para a máquina:

– Perdi alguma coisa?

terça-feira, 14 de junho de 2011

CCN-SR: Confusões de uma Colegial e seu Namorado-Servo Robô #6

RP-6 terminava de recarregar suas energias. Saiu da cápsula e colocou o uniforme branco do DPI. Saindo do quarto, viu Diana observando a foto de uma mulher de jaleco na parede.

– Você deve sentir muito a falta dela, não? - disse a bruxa, virando-se para o robô.

– Ela me ajudou todo o tempo. Me sinto agradecido por ter construído a mim.

– Sente?

– Defeitos...

– Talvez esses “defeitos” existissem em você sempre. Apenas levou um tempo para aflorá-los. Esses sentimentos.

– Então, tudo não passa de uma função oculta do meu sistema?

– Pode ser. Se ela não tivesse morrido... Minha mãe também sente saudade. Eu jamais imaginei uma bruxa ter uma amizade tão forte com uma cientista. Os únicos amigos dela eram a Renata e um outro cara. O homem sumiu, restando somente sua criadora. Não sei porquê, minha mãe não gostava de falar no tal do homem que foi embora. - Diana pôs a capa e pegou a bolsa - Vamos?

– Sim.

O ruivo abriu um portal e os dois entraram. Pararam no cômodo empoeirado da última vez, quando Thiago resgatou Kamila. A maga abriu a porta lentamente e checou o corredor. Ninguém. Andaram sorrateiramente pelo edifício, procurando por pistas. De uma vidraça, encontraram o que parecia a área principal do prédio. Várias pessoas, hipnotizadas, trabalhavam na construção de uma máquina. Ao redor, guardas bem armados.

– Thiago, Olhe! - Diana apontava - É ele!

– Quem? Onde?

– O Anônimo! Bem ali. - por mais que a maga apontasse, o robô via apenas uma viga e dois seguranças.

– Não vejo ele.

– Como não? Está bem ali, entre aqueles dois guardas.

Thiago ia responder, porém percebeu não estar mais no mesmo local. Um ambiente esbranquiçado. Inúmeras caixas brancas formavam as paredes e o teto. Algumas brilhavam de cores diferentes a cada momento, formando um breve show de luzes.

– Bem vindo, RP-6. - falou uma voz.

Virando-se, o robô se deparou com um homem engravatado, num sobretudo negro, usando uma máscara demoníaca. Debaixo da capa negra, uma katana.

– Anônimo. - disse Thiago, fitando-o seriamente.

– Não se preocupe. Sua parceira está bem. Deixei uma ilusão sua e minha para distraí-la.

– Onde estou?

– Na Câmara de Iluminação. Aqui medito.

– Como encontrou esta dimensão desconhecida.

– Eu a criei. Era o único jeito de me esconder do DPI.

– Nós pensávamos que você se escondia na Terra.

– Vocês me encontrariam facilmente por lá. E mesmo criando uma dimensão nova, aqui está você, determinado a me impedir.

– Sim. Um dos seus servos tentou abusar de uma garota que eu conheço.

– Peço desculpas. Se serve de consolo, já puni meus seguidores por tais atos. Não acontecerá novamente. - o mascarado ajeitava a gravata.

Thiago tentou desferir-lhe um golpe, mas o homem rapidamente desviou e o golpeou com a bainha da espada. O garoto ficou imóvel.

– Não tente me impedir. O futuro de todos nós depende disso. E não pense que é o único a sentir falta da Renata. Agora vá. Sua amiga o aguarda. Em breve um novo deus surgirá, trazendo salvação a todos. Um deus sem nome. - Thiago sentiu sua consciência se esvaindo e apagou.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

CCN-SR: Confusões de uma Colegial e seu Namorado-Servo Robô #5

Os estudantes entravam na sala e sentavam. Kamila conversava com Thiago sobre uma festa a fantasia na casa de Paulo. Bruna, duas fileiras depois, olhava o robô apaixonada, escondida atrás dum livro de literatura. A professora entrou, acompanhada de uma garota de mechas azuis.

– Silêncio, classe. - ordenou a tutora - Temos uma nova aluna.

– Olá! - disse a novata, abrindo um grande sorriso - Eu sou Diana. Espero me dar bem com todos.

– Você vai se sentar...

– Thiago! - a menina correu e abraçou forte o ruivo.

– Bem...parece que vocês se conhecem. Enfim, sente-se ao lado dele.

Diana alegremente se colocou na carteira próxima ao parceiro. Os meninos observavam-na admirados. Kamila, irritada, virou a face.

– O que faz aqui, Bruxa? - perguntava RP-6 durante o intervalo.

– Já falei para me chamar de Diana - advertiu a feiticeira.

– Sim.

– O Comandante mandou te ajudar na investigação. Lembra daquele sujeito que você prendeu? Ele sequestrou mais de 300 pessoas naquele mesmo dia. Infelizmente não informou o paradeiro das vítimas. Sabemos ao menos que ele tem uma relação com o Anônimo. Preocupados, me enviaram para esta dimensão. E aqui estou eu.

– Entendo. Quando enfrentei aquele infrator, percebi que estava em um plano desconhecido, fora desse e do nosso mundo.

– Aí complica. De que forma vamos encontrar o Anônimo se ele está em um local que não consta em nenhum dos dois mundos?

– Para perseguir o sequestrador, segui o rastro no espaço-tempo deixado por ele. Por precaução, armazenei as coordenadas no meu sistema.

– Boa. Assim facilita bastante.

Alguém se aproximou.

– Olá, senhorita. - disse paulo, beijando a mão da moça - Você aceitaria sair comigo?

– Não, obrigada. - respondeu ela.

– Por que não?

– Sem interesse. - segurou o braço do policial - O Thiago é meu único homem.

– Ah, ele de novo?! - o garoto saiu indignado.

Após as aulas, Kamila fez outra visita ao amigo. Chegando lá, foi recebida por Diana, que usava apenas uma toalha.

– O que faz aqui? E qual é a dessa toalha? - questionou Kamila.

– Vocês não...estavam fazendo aquilo, certo? - falou Bruna, acompanhando a garota.

– Que é isso gente. Eu estava tomando banho. Sozinha. Amigos de infância não podem morar juntos? - a maga deu passagem e as duas entraram.

– Morar? Você vai ficar nesse apartamento com o meu namorado? - Kamila ficou mais irritada ainda.

– Eu queria morar no mesmo apartamento que ele. - a estudiosa sonhava alto.

– Namorado? Que eu saiba ele é mais um escravo seu. - bateu no quarto de Thiago. O mesmo saiu, sem deixa-las ver o conteúdo do cômodo.

– Como pode deixa-la viver com você sem me avisar? - dizia Kamila.

– Ela é minha parceira. - disse ele.

– O que quer dizer com “parceira”?

– Gente...fiquem calmos, por favor. - recomendava Bruna.

– Quer saber, eu vou embora! - Kamila deixou-os, batendo os pés.

– De...Desculpe. - a nerd seguiu os passos da colega lentamente e fechou a porta.

– Ai ai...- suspirou a maga - Aquelas duas são realmente apaixonadas por você. Quem diria, hein? Isso me faz lembrar dos meus 100 anos de idade. Bons tempos. Você também se recorda, não é? Foi quando nos conhecemos.

– Sim. - afirmou Thiago.

– Eu era só uma criança ingênua. Você, pelo contrário, sempre foi o mesmo. Apesar de que...parece ter mudado ao vir para cá.

– Eu tenho passado por algumas falhas.

– Ah...falando nos velhos tempos, trouxe algo para você. - de uma sacola, tirou um uniforme de oficial branco. No chapéu e no distintivo encontravam-se as siglas “D.P.I.”

– Meu antigo uniforme... - segurou a roupa.

– Você fez 500 anos esses dias, e eu não sabia o que dar, então trouxe isso. Ouvi dizer que existem muitos problemas nesse mundo. Acho que deveríamos ajudar. Proteger os habitantes daqui, embora o DPI não se importe com o futuro desse planeta.

– Certamente... - o robô olhava profundamente a vestimenta - Obrigado.

– Algo errado?

– Não...Desculpe. São os defeitos.

– Eu gosto desses defeitos. - Diana abraçou-o por trás - Talvez assim eu finalmente tenha alguma chance.

– Chance do que exatamente?

– Ah...nada de mais.