Diana meditava em seu quarto. O cheiro de incenso, acompanhado da leve iluminação de velas ritualísticas, preenchiam o ambiente obscuro do cômodo. Ouviu um barulho e resolveu checar. Encontrou Thiago na sala, fitando inúmeras armas num compartimento escondido na parede.
– Pensei que fosse contra armas de fogo. - disse ela.
– E sou. Mas da última vez que enfrentei o Anônimo, o que eu tinha não foi sulficiente. Terei de usar tudo ao meu alcance para derrotá-lo.
– Só não se esforce demais. Vai mesmo se encontrar com a Kamila depois daquele incidente?
– Ela parou de falar comigo. Eu...sinto falta dela.
– Sente é? Que progresso para um equipamento de destruição em massa.
– Tem certeza de que quer ficar?
– Sim. Preciso ficar sozinha um pouco. Me tranquilizar. É quase lua cheia e... Ah, esquece. Não é nada. Vá aproveitar seu encontro.
– Afirmativo.
Após dias sem contato, Kamila repentinamente convidou o robô para sair. Na verdade, soou mais como uma ordem que um convite. Encontraram-se no cinema. A moça reclamou do uniforme branco do menino e o puxou até a sala. O clima romântico da película os incomodava. As vezes levava a maquina a observar Kaminla, que virava o rosto emburrada, e numa indecisão e arrependimento voltava o olhar ao garoto, que retornara a assistir o filme. Ela queria conversar. Ele também. Não aguentaram, falando em uma súbita coincidência misturada de palavras. Riram daquele momento visto somente em ficções. Os espectadores ordenaram silêncio e o casal se calou. Saíram argumentando sobre o final do filme. De mãos dadas, enterravam-se em seu próprio mundo, mal percebendo a lotação do centro de compras. Kamila parou de repente.
– Por que anda comigo? - perguntou ela.
– Geralmente, porque você me arrasta.
– Você me odeia?
– “Ódio” não consta nos registros.
– Mesmo eu gritando o tempo todo com você e maltratando os outros?
– Não consta nos registros.
– Ai...e eu pensando que tu tinha parado com essa palhaçada. - a menina fechou o punho e o colocou no peito. - Eu achei que me odiasse...quando...fez aquilo com a Bruna. Então...você me ama?
– Amar?
– É que...só pode ser...Você é o único garoto sincero comigo, e que não está interessado só no meu corpo. Ao meu ver é assim.
– Amar...Eu não...Consta...Indispon... ERRO!
– Erro?!
– Desculpe. - o robô correu, deixando a amada sem resposta.
A lua cheia iluminava os céus. A escuridão engolia o apartamento de Thiago. Ao acender a luz, ouviu um grito. Uma pequena mulher alada surgiu do corredor.
– Ai, que susto! Pensei que fosse um bandido. Quase te transporto para um rio congelado, seu doido! Uma fada não pode ter mais paz nesse universo?
– Me perdoe... - o robô estranhava aquela criaturinha de 20 centímetros a voar com suas asas de inseto. Vestia um colete e mini-saia verdes, botinas e luvas. O cabelo era curto e brilhava intensamente.
– Você deve ser o Thiago, o homem de lata, certo?
– Homem de lata?
– Sou Melissa, familiar da mestra Diana. Ela vive falando de você na minha terra. Eu e minhas irmãs o apelidamos de “homem de lata”. É engraçado. - a fada deu uma breve risada.
– Claro...Onde está ela?
– No quarto, e me deu ordens para não deixá-lo entrar.
– Por que motivo?
– Digamos que ela...precisa se controlar, e não quer ser incomodada em sua meditação.
– Certo, desde que ela fique bem.
– Sim, sim! Eu amo tanto ela. Quer dizer...não é que eu amo ela, eu gosto dela muito, e ela é tão bonita...Digo...Ela é uma garota maravilhosa, certo? - a pequenina ficou vermelha - Você sabia? A maioria das bruxas escolhe gatos ou sapos como familiares, porém ela me escolheu ao invés de um animal. Demais, não?
A fada tagarelou a noite toda.
adoro fadas tagarelas *-*
ResponderExcluirEstou em falta com os teus textos...Li esse capítulo e me senti deslocada na história =/ Parece que o triângulo amoroso tá ficando estranho. O Thiago parece dividido...
ResponderExcluirAh,eu recebi,sim, o seu e-mail com a sua outra fic.
E,eu ia te perguntar se posso usar a ideia daquele seu comentário sobre Bleach para escrever outro post sobre esse desenho. E,não, Bleach não é o meu preferido. =] Se foi o que deu pra entender. (Na verdade, eu não tenho UM preferido. Tenho vários...).