sábado, 16 de julho de 2011

Internado - parte 1

Sugiro para não se perderem http://felipeintruso.blogspot.com/2011/01/incendio-parte-1.html


Ruas imersas na escuridão. As lâmpadas dos postes piscavam freneticamente. Aquele teatro. Parecia familiar. Dos corredores, via uma luz provindo dos interiores, acompanhada de uma melodia. Passando silenciosamente pelas poltronas, alcançou o palco. Os corpos de um senhor e um garoto, pendurados nas cortinas, se contorciam com os olhos virados. Uma mulher de cabelos curtos tocava um piano flamejante. Sentiu ter ouvido aquela música antes. A pianista parou, virando-se. Levantou e aproximopu-se do expectador.

– Você veio. - a mulher o abraçou emocionada - Eu te amo tanto.

De repente, a face da moça tornou-se em carne viva, acordando o homem do pesadelo. Antônio, de bruços na escrivaninha de seu escritório, coçou os olhos e enxugou o suor da testa. Tentando manter-se acordado, analisava documentos de vítimas recentes. Procurou o remédio nas gavetas. Nada. Aqueles pesadelos. Terapias, medicamentos e ainda assim as visões continuavam. Doutor Pedro e seu filho, Roberto, cremados. Júlia suicidando-se com um tiro. O fogo. Cenas que se repetiam na mente do detetive. Pioravam a cada dia. Alguém entrou.

– Como vai a investigação, Antônio? - perguntou o chefe de polícia.

– Todas as vítimas foram encontradas com orgãos faltando, mostrando que o assassino é possivelmente o mesmo. Porém, a área de ação dele é muito extensa. Estamos empacados.

– Entendo. - o velho notou a feição triste do amigo - Olha, por que você não vai para casa descansar?

– Preciso não. - disse foliando os arquivos.

– Não foi um pedido. Eu sei que não é fácil perder alguém. Só que já fazem três anos, Antônio. Você precisa superar isso. Deve lutar e aceitar o que aconteceu.

– Quem me dera... - fechou tudo e guardou, lembrando da verdade que ele escondia sobre a falecida amada - Estou indo. Boa Noite.

– Boa.

A chuva comprometia a visão do homem. Cansado, ele dirigia vagarosamente, olhando ao redor do veículo. O que é pior afinal? Perder a amada, ou descobrir que era uma assassina? Chegando, encontrou um mendigo na entrada do edifício.

– Senhor Antônio? - perguntou o indivíduo.

– Sim. Como sabe meu nome?

– Os corpos. Sei de onde eles vem.

– Corpos? Os sem orgãos?

– Sim. Toda noite uma van deixa-os nas ruas.

– Uma van.

– Sim.

– E por que não avisou a polícia antes?

– Não me deixaram entrar. Então te segui até descobrir onde morava.

– Sei. È isso?

– Não. Tem um nome escrito na van. Centro Hospitalar Abarão Porciano Clife.

– Um hospital? Estranho... Obrigado pela informação. Gostaria de entrar? Comer algo?

– Não. Prédios me assustam. - o sujeito saiu aos murmúrios.

Antônio pesquisou sobre o local. Ficava distante da cidade, num campo fechado. O terreno cobria vários hectares, contornado por uma vasta floresta. Era caríssimo e exclusivo, tendo pouca popularidade. No dia seguinte, o detetive se dirigiu ao centro médico. Os portões principais estavam escancarados. Interfonou, sem receber resposta. Invadiu com o carro. Atravessando diferentes jardins, alcançou a mansão. Estatuas de bestas e pessoas desnudas davam boas vindas ao investigador. Uma recepção vazia o recebeu. Papeis espalhados. Espirros de sangue pelas paredes. Estaria abandonado? Decidiu vasculhar. Ao dar o primeiro passo, sentiu um golpe e desmaiou.

2 comentários:

  1. e desmaiou? só?

    Agora fikei mto curioso! poste o mais breve possivel a continuação quero saber quem atingiu Antonio.

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  2. WOW! Caramba! Que lugar assustador, digno de um assassino ou algum maníaco fanático! Queremos a continuação!

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